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Nas Nuvens de Um Terceiro Andar

Qui | 31.01.19

À Conversa nas Nuvens - Jess

Nuvem

Não foi só nos anos 50/60 que houve uma grande vaga de emigração no nosso país. Assistimos ao mesmo na última década. Mas, desta vez, de profissionais especializados que, aqui no seu cantinho, não conseguiram uma única oportunidade para fazer aquilo pelo qual tinham lutado. O estranho? É que se continua com carência desses profissionais... mas eles continuam a não ter oportunidades. A Jess é um desses exemplos. Enfermeira desde 2011, emigrou em 2012 para França, na procura de poder fazer aquilo que a faz feliz! E hoje, tirou um tempinho para falar connosco sobre esta sua experiência!

 

Olá Jess. Sempre quiseste ser enfermeira?

Olá, desde já obrigada pelo convite. A ideia de seguir Enfermagem surgiu apenas na altura dos exames nacionais do 12º ano, por incrível que pareça. Nunca tinha pensado em tal profissão, até ver que não teria média para aquilo que realmente sonhava, que era ser veterinária.

 

Quando acabaste o curso, quanto tempo estiveste a enviar CV’s em Portugal?

Assim que acabei o curso, em Julho de 2011, comecei a entregar o meu currículo imediatamente. Sabia que o mercado de trabalho estava bastante complicado, por isso não quis perder tempo. Entreguei currículos durante cerca de 9 meses, na área e não só.

Após esses meses, lancei-me na minha primeira experiência fora do país em Maio de 2012, durante 4 meses. No final do contrato voltei a Portugal e retomei a procura de emprego durante mais 3 meses. O resultado foi o mesmo, saí de Portugal em Janeiro de 2013, com o objetivo de me fixar por uns anos.

 

Como é que tomaste a decisão de emigrar? E como reagiu a tua família a essa tua decisão?

A decisão de emigrar surgiu fruto do desânimo de não conseguir emprego na área à qual me dediquei durante quatro anos. Foram meses de entrega de currículos, até de rejeição de alguns e de não obtenção de respostas. Foi um período um pouco difícil por sentir-me uma inútil na sociedade. Juntar a isto a experiência de alguns colegas que emigraram, às ofertas tentadoras no estrangeiro, emigrar acabou por se tornar uma solução, na qual acabei por arriscar.

A reação da família não foi das melhores, sendo eu a filha mais nova. Foi difícil para todos, particularmente para a minha mãe, que esteve numa espécie de negação até à minha partida na primeira vez, e que sofreu ainda mais na segunda vez.

Quanto ao marido, na altura ainda namorado, sempre me apoiou, apesar de saber o quanto ele sofreu com isso. Quando emigrei pela segunda vez, foi já com a ideia de ele se vir a juntar a mim um dia, o que acabou de facto por se concretizar.

 

Sentiste muitas dificuldades de integração em França?

Sendo o país onde nasci, e tendo facilidade na língua, não foi tão difícil comparando por exemplo com o meu marido, que teve de aprender a língua e adaptar-se a uma realidade diferente. Aqui somos confrontados com imensas culturas, e para quem não está habituado pode fazer alguma confusão inicialmente. Pessoalmente, nunca me fez confusão, por já conhecer esta realidade desde muito nova.

Não posso dizer que a integração foi realmente difícil, porque todos os problemas que foram surgindo no caminho foram ultrapassados, e muitas mais coisas foram conquistadas.

 

Trabalhas exatamente na área que querias?

Trabalho na área na qual me formei, e posso dizer que quis, pois foi resultado das minhas escolhas. Contudo, há fases em que me questiono se que quero fazer isto toda a minha vida.

 

Hoje sentes-te lá em casa? Ou voltar é sempre melhor?

Voltar é sempre melhor, sem dúvida. Portugal é um país tão bom, que quando o vemos de fora, só se torna ainda melhor. Longe tentamos criar o nosso pedaço de lar, o qual é feito fundamentalmente das pessoas que a vida nos deu: os amigos. Graças a eles, conseguimos sentir-nos em casa.

 

Continuas a concorrer a vagas em Portugal ou desististe de voltar?

Assim que decidi emigrar de forma mais efetiva, deixei de concorrer às propostas em Portugal, pois não queria voltar no imediato, mas sim aproveitar para ganhar alguma experiência durante dois ou três anos. A verdade é que o tempo passa mais rápido que o que pensamos, e aqueles dois ou três anos já se transformaram em seis.

Atualmente sei que quero voltar, só ainda não sei exatamente quando. Tenho estado atenta à situação da minha profissão em Portugal, a qual ainda não é a melhor, e ponderando até de fazer outra coisa na vida, quem sabe.

 

Para quem esteja neste momento desempregado, achas que emigrar é a melhor opção?

Não digo que seja a melhor opção, visto que existem outra soluções. Mas porque não? Se não tiverem nada a perder, e tiverem a coragem necessária para arriscar, é uma experiência de vida, da qual não me arrependo.

 

É necessária muita burocracia para conseguir trabalhar fora de Portugal?

Penso que deve depender das áreas, e do país em si. No que toca a Enfermagem, tive de reunir vários documentos os quais tiveram de ser traduzidos, e já em França tive de me inscrever na Ordem dos Enfermeiros francesa e no registo ADELI.

Em todo este processo tive o acompanhamento das agências de recrutamento, através das quais consegui as propostas de emprego, o que sem dúvida ajudou imenso.

 

Também tu tens um blog, o Diário 89. Porque criaste o blog?

O blog é uma forma de registar as minhas memórias, e uma forma de escape quando sinto vontade de passar para a escrita aquilo que me vai na alma. Gosto de pensar que um dia irei sorrir a reler aquilo que escrevi.

 

O blog é também uma forma de manteres os teus mais próximos de ti?

Não foi feito com esse intuito, pois poucos próximos sabem da existência dele.

 

Por fim, obrigado pela tua disponibilidade. Há alguma coisa que queiras acrescentar?

Não tenham medo de arriscar, quando acharem que é o momento de mudar algo na vossa vida. Só nos arrependemos daquilo que não fazemos!

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(Foto cedida por Jess)

 

"Conheço" a Jess já há uns anos, ainda o seu blog não era o que atualmente escreve. Fui acompanhando as suas aventuras e, desde sempre, gostei dela como se fosse minha amiga.

Admiro muito quem tem que sair do seu país para fazer aquilo que gosta. Tenho um respeito enorme por estas pessoas que, para se sentirem realizadas profissionalmente, têm de abdicar de estar com as suas famílias. Têm de abdicar de estar presentes em todos os momentos e em todas as datas festivas.

Emigrar é uma escolha, é verdade. Mas também só o é, muitas vezes, porque não temos outra escolha. E não pensem que se emigra a pensar que lá fora se ganha muito mais dinheiro. Porque, tenho a certeza, mais de 90% dos emigrantes deste país voltariam se aqui tivessem emprego na sua área. Porque o nosso país, é sempre a nossa casa.

A Jess é só uma representação da realidade dos jovens licenciados dos últimos anos...mas é também um exemplo de força e coragem. É um exemplo de alguém que, por muito longe que esteja, tem sempre o seu coração em Portugal. O exemplo de que damos muito mais valor às coisas quando não as temos sempre ao nosso alcance! Mas que também podemos ser felizes lá...porque sabemos que, mesmo a muitos Km's de distância, os nossos estarão sempre de braços abertos à nossa espera!

Qua | 30.01.19

Saudade

Nuvem

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Só temos saudade daquilo que gostamos. Daquilo que nos faz falta.

Só temos saudade das pessoas que nos marcaram. Das pessoas que contribuíram (e contribuem) para a nossa felicidade.

Só temos saudade dos cheiros que nos recordam coisas boas.

Só temos saudade de comidas que nos levam a recordar as pessoas que as faziam.

 

Só temos saudades quando amamos. Saudade é amar. Ter saudades é bom. Pode doer...mas é saudade é sempre amor.

 

Hoje é dia da Saudade. Mas a Saudade não tem dias. A saudade é eterna. Como o amor.

Qua | 30.01.19

Filmes que se vêem aqui em cima #33

Nuvem

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Tinha muita curiosidade de ver este filme, pelos inúmeros posts e opiniões positivas quando saiu. Nomeado também para os óscares, era imperativo!

Confesso, a gravidez deve ter-me deixado menos sensível. Uma chorona desde sempre, não chorei. O fim fez-me ficar mais emotiva, mas não chorei, ao contrário de muitas pessoas... Não sei, devo ser eu que não estou no meu estado normal.

Mas gostei do filme. É giro! E tem uma banda sonora muito bonita!... Lady Gaga surpreendeu-me pela positiva!

Mas...não chorei. Pronto, não devo estar bem de saúde

Ter | 29.01.19

Coisas que valem apena!

Nuvem

Conheci a marca Stikets através da Marta , e decidi espreitar o site. O piolho está a pouco mais de um mês de começar a ir para o berçário por isso poderia ser interessante.

Não só é interessante, como extremamente útil. Avisaram logo que teríamos que mandar tudo bem identificado, para que não houvesse trocas entre as coisas das várias crianças, e por isso decidi encomendar.

 

 

Encomendei o pack básico, que traz:

  • etiquetas termocolantes para a roupa (para marcar tudo até as fraldinhas de pano, o que é fantástico!);
  • etiquetas para objetos (nesta fase ainda não vão muitos, mas depois quando começarem a escola que tenham de levar os seus materiais vão ser muito úteis!);
  • etiquetas para o calçado;
  • chapas para as mochilas (por acaso a do piolho até é personalizada mas a maioria não é).

A encomenda foi super simples de fazer online, dá para personalizar as cores, os símbolos (com boneco parecido à criança, animais, objetos, etc.) e até o tipo de letra...Chegou ontem (fiz dia 22) e estou realmente muito satisfeita. Já experimentei em colocar as termocolantes na roupa e correu muito bem! Super simples e rápido!

Fique super fã!!! Agora, vou só ali deprimir enquanto começo a marcar tudo e a pensar que estou quase a deixar o meu menino na escolinha

Seg | 28.01.19

Do medo...

Nuvem

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Acho que, pensando racionalmente, todos sabíamos que o menino de Málaga, Julen, não tinha hipóteses de estar vivo. Pela altura da queda, pela idade dele, pelos dias intermináveis que foram passando sem que se conseguisse chegar lá.

Mas, no fundo, quisemos sempre acreditar num milagre. Porque admitir esse impossível, dá-nos medo. Muito medo. Medo que fôssemos nós a estar na situação desesperante, horrível, indescritível, daqueles pais. Que aquele fosse o nosso filho, neto, sobrinho ou simplesmente amigo... Acho que acabamos por ficar um pouco mais maníacos a cada história destas que vem a público.

O medo não se pode apoderar de nós, é certo. Não podemos, e não devemos, pôr os nossos meninos numa redoma em que não possam sair de casa com medo do que lhes possa acontecer... mas o medo é grande. E quase que nos estrafega o coração.

Confesso que também eu, inconscientemente, tive esperança. E, quando percebi que já o tinham encontrado, como expetável, morto, chorei. E não dormi o resto da noite. Porque aquele anjinho só estava a brincar. Porque aqueles pais já tinham tido a sua quota-parte de sofrimento quando perderam o filho mais velho.

Porque se fosse eu, não sei se conseguiria voltar a acordar. Nem toda a força do mundo poderá ajudar a atenuar a dor daqueles pais. Pela segunda vez em ano e meio chorar a morte de um filho...não é humano.

Abracei o meu menino com tamanha força assim que ele acordou, que resmungou mas senti-lo ali, comigo, deixou que o medo, por agora, se voltasse a atenuar...

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