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Nas Nuvens de Um Terceiro Andar

Seg | 31.08.20

A Frase da Semana #2

Nuvem

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Esta é aquela velha máxima de aproveitarmos sempre como se fosse o nosso último dia.

Cada vez mais vemos pessoas, de um dia para o outro, a perder tudo. Por isso, aproveitemos ao máximo. Com os nossos. Com os que mais amamos.

 

Nunca sabemos quando será o último dia. Mas ao menos que seja um bom último dia.

Dom | 30.08.20

À Conversa nas Nuvens - Cristina Saraiva

A Arrumadinha

Nuvem

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Ser Organizadora Profissional até há uns anos atrás não era sequer considerada uma profissão. Mas, a verdade é que ela existe e existe para que transforme a vida de todos os que precisam de ajuda destes profissionais. 

A Cristina é um exemplo desses profissionais. Abraçou este projeto da Organização e, com o Blog, acaba por ajudar muitas famílias a simplificar a sua vida. 

Vamos conhecê-la?

 

Olá Cristina. Antes e mais obrigada por ter aceite o meu convite.

É uma honra ser entrevistada e eu é que agradeço a oportunidade que me estás a dar de poder contar um pouco mais sobre mim, sobre a minha história e o porque de eu fazer o que faço!

 

Para quem não a conhece, a Cristina é a Organizadora Profissional. Mas a verdade é que é licenciada em Marketing e trabalhou mais de 13 anos nesse meio. Marketing foi o que sempre quis?

Na verdade estudar Marketing foi uma decisão de última hora. Mas das decisões mais acertadas que tomei na vida. Quando terminei o 12º ano fui estudar um ano para Inglaterra. Fui fazer um curso de Arte e Design. Na altura sabia que queria fazer algo ligado a artes, mas não sabia bem o quê. E este curso passava por todas as áreas desde fotografia, design gráfico, belas artes, etc. Era um curso que me ajudaria a perceber o que queria escolher. Depois de terminar o curso voltei a Portugal com a intenção de me inscrever no curso de design no IADE, mas vá se lá saber porquê, tive curiosidade de ver o programa curricular do curso de marketing e comunicação e pelos vistos devo de ter gostado mais, porque acabei inscrita nesse curso. Por isso, não, Marketing não foi o que sempre quis, mas ainda bem que tomei essa decisão porque adorei trabalhar nessa área. Depois da Faculdade entrei diretamente para o Departamento de Marketing de uma Seguradora, onde comecei por ser responsável pelo Marketing a Agentes, e mais tarde, fiquei responsável pela área Institucional, Responsabilidade Social e Prevenção Rodoviária.

 

A Cristina diz que organizava a casa de amigos e familiares de forma informal… Afinal, o “bichinho” da organização sempre esteve lá?

Desde sempre. Quando era mais miúda adorava ter todos os brinquedos organizados e os meus cadernos da escola estavam sempre impecavelmente escritos e estruturados. Na faculdade era a mim que pediam os apontamentos para fotocopiar e no trabalho, a minha veia de organização, foi sempre o meu ponto forte e que me permitia gerir vários projetos ao mesmo tempo. Claro que, no momento em que casei, montei a minha casa e mais tarde fui mãe ajudou muito ser organizada. Por isso, sim, sempre tive um bichinho de organização dentro de mim. Na verdade, só há poucos anos atrás é que me apercebi que esta minha paixão era afinal uma qualidade, e que podia tornar-se profissão.

 

Como foi que aconteceu esta mudança, deixar o Marketing e investir para ser organizadora profissional?

Estive 10 anos a trabalhar em marketing dentro da empresa onde continuo a trabalhar hoje, mas em finais de 2016 aceitei o desafio de mudar para uma área mais estratégica ligada à melhoria de processos. Foi nesta altura de mudança que também decidi começar o Blog. Mas nesta altura eu nem sabia que a profissão de organizadora profissional existia. Comecei a aperceber-me disto, mais de um ano depois, através de blogs e páginas do Brasil e dos Estados Unidos que seguia. E quando me dei conta de que isto de organizar afinal podia ser uma profissão, comecei a pesquisar o que havia em Portugal e descobri que havia já organizadoras a trabalhar por cá e que existia já uma Associação criada - a APOP - Associação Portuguesa de Organizadores Profissionais. Pesquisei os cursos disponíveis e acabei por fazer o curso de organizadora profissional com a Manuela, da InOrdem em fevereiro de 2019, exatamente 2 anos depois de lançar o Blog! E mais recentemente, especializei-me na organização direcionada para grávidas e bebés. Eu sinto que nunca deixei o Marketing, porque continuo a fazê-lo todos os dias. Gerir um Blog, as suas redes sociais, promover os meus serviços como organizadora, comunicar com os meus seguidores, fazer anúncios...tudo isto é marketing. E eu tenho sorte de ter essa formação de base, porque hoje em dia é mesmo necessário ter estes conhecimentos para se ser bem-sucedido neste meio.

 

A Cristina viveu durante 16 anos entre vários países com culturas completamente distintas (México, Inglaterra, Perú…). Foi uma verdadeira experiência de vida? Contactar com culturas tão diferentes ensina-nos o quê?

Saí de Portugal com 2 anos para ir viver para Lima, no Perú. O meu pai foi trabalhar para as Nações Unidas e vivemos 8 anos no Perú, antes de nos mudarmos para o México onde estivemos mais 8 anos. A situação em Lima, por causa do terrorismo, estava a ficar perigosa, e o meu pai aceitou uma posição nos escritórios da Cidade do México. Viver todos estes anos em países com culturas tão fortes e importantes como o são a Mexicana e a Peruana, tiveram um enorme impacto na forma como encaro a vida hoje em dia. Muita gente pode não acreditar, mas é um privilégio, uma sorte até, viver num país como Portugal. Um país seguro, com boa qualidade de vida, em que as diferenças de classe não são tão acentuadas como países da América latina, já não para não falar do nosso clima e comida. Viver fora de Portugal, fez-me apreciar ainda mais o meu pais e agradecer todos os dias por ter a vida que tenho. Vi muita desigualdade social nestes países, muita pobreza, muita injustiça social, mas também conheci gente fantástica, culturas espetaculares, costumes que ainda hoje vivo e que gosto de passar aos meus filhos. Ainda não perdi a esperança de poder oferecer aos meus filhos a experiência de viver noutro país e de experimentarem outras culturas. É, sem dúvida, das experiências mais enriquecedoras para qualquer pessoa.

 

Recentemente, especializou-se na área de “Baby Organizer”; dentro do mundo da arrumação, é a área mais desafiante para si?

A organização profissional é um mundo. Existem diversas especialidades dentro do trabalho de uma organizadora profissional. Há quem se foque na área empresarial, ajudando empresas e lojas a organizar arquivos ou stocks. Há organizadoras especializadas em mudanças, ajudado Clientes antes, durante e depois da mudança de casa. Há quem se especialize em pós-luto, ajudando Clientes a organizar a casa de um parente que faleceu. Existe ainda quem se especialize em os chamados “acumuladores”. E a parte mais visível, a da organização da casa, onde ajudamos Clientes a organizar as suas cozinhas, despensas, lavandarias, roupeiros. Etc. Sempre gostei mais da área da organização ligada a crianças e bebés. Na verdade adapta-se mais ao meu perfil como organizadora, talvez por ter 4 filhos e andar a mudar fraldas há mais de 15 anos. E o certo é que ainda não é uma área muito trabalhada em Portugal e também vi uma oportunidade de ocupar esse espaço. Ajudar casais a preparar a chegada de um bebé, dar-lhes as ferramentas necessárias para poderem organizar a sua casa e sua vida é sem dúvida algo desafiante e de grande responsabilidade. Mas também é algo muito gratificante e que me deixa muito feliz. 

 

Em 2017, criou o Blog Conxitamaria – A Arrumadinha. Porquê criar um Blog?

Tudo começou quase um ano antes de finalmente lançar o Blog em Fevereiro 2017. No trabalho as minhas amigas sabiam que eu adorava organizar festas e viagens e pediam-me dicas e opiniões sobre como organizar. Uma vez uma Colega disse-me que deveria escrever sobre essas coisas. E isso ficou-me na cabeça. Na verdade eu já tinha pensado nisso, mas também pensava que ninguém se interessaria por ler o que eu tinha para dizer. Por isso demorei bastante a dar o passo. Na altura, ainda por cima, não sabia bem como fazer, como criar uma página, mas sabia que queria fazer algo. Eu já tinha o bichinho da comunicação comigo, já escrevia habitualmente para a revista e para o site da empresa onde trabalhava, e gostava bastante, em especial a parte online. No final de 2016, mudei de área na empresa e deixei a área de marketing e comunicação. Isto foi no final do ano. E nessa altura algo fez click. Talvez por ser final do ano, início de um novo ano, por ter mudado de área e ter deixado a área de comunicação, não sei bem. O certo é que acordei um dia e disse para mim mesma: “Cristina, é agora ou nunca”. Comecei a pesquisar e a ver como se criava um blog, pensei no nome, defini o tema e assuntos que queria tratar e assim começou. Nessa altura não havia Blogs que falassem exclusivamente sobre organização (alias, ainda há poucos) o que ajudou bastante a que criar uma comunidade de seguidores interessados neste tema.

 

A Cristina partilha imensas dicas, tanto de arrumação e organização, como de DIY (do it yourself). Sente que é um exemplo para muitos dos seus seguidores?

Eu quero acreditar que sim. Aliás, esse é o meu objetivo. É inspirar todos os que me seguem a criar vidas mais organizadas e felizes através da organização. Nada me faz mais feliz, que receber mensagens das minhas seguidoras a mostrar, orgulhosamente, as suas casas organizadas, as mudanças que fizeram. Receber mensagens a agradecer por lhes ter dado aquele empurrãozinho que precisavam. Eu gosto sempre de dizer que para sermos um exemplo, temos de liderar pelo exemplo. E é isso que faço diariamente com o blog e nas redes socais onde partilho a intimidade da minha casa, a vida diária em família, a forma como organizo a minha vida. Tudo o que partilho, é o que vivo, não só como mãe de família, mas como organizadora profissional e essa autenticidade, é o que inspira a minha Comunidade.

 

Durante o confinamento que atravessámos, as pessoas procuraram mais a sua ajuda? Acha que acabaram por ter mais tempo para se dedicar à organização?

O que eu reparei no confinamento, é que pela primeira vez muita gente viveu a sua casa. Ou seja, deixou de a usar como habitação (dormir, comer, etc) e passou a usar a sua casa para viver. E isso é completamente diferente. Resultado?! Começaram a olhar para a casa com outros olhos, a olhar para a forma como usavam os diferentes espaços da casa. Porque é que houve tanta gente a fazer pequenas obras em casa? Exatamente por causa disso. E a organização do espaço foi uma delas e durante a quarentena reparei no interesse geral por organizar e arrumar a casa. Por isso acabei por lançar o Desafio Arrumadinha, com 50 projetos de organização, que ia lançando diariamente durante a altura da quarentena. Senti uma Comunidade Arrumadinha (nome que dou a todos os que me seguem) comprometida com o tema, recebi mensagens a agradecer pelas inspirações, pela motivação que lhes dava diariamente.

 

Uma das suas frases é que “ser organizada é o segredo para viver uma vida melhor”. Acredita que a organização é uma das chaves do sucesso num mundo em que cada vez temos menos tempo livre?

Sem dúvida. Todos temos as mesmas 24 horas. Como as escolhemos utilizar já é outra história. Uma Amiga uma vez disse-me que os meus dias tinham de certeza mais de 24h do que os dela, porque conseguia fazer muito mais coisas que ela. E eu respondi-lhe simplesmente que era uma questão de organização e planeamento. Falo muitas vezes disto no blog. Quando oiço alguém dizer que não tem tempo livre para fazer as coisas que gosta, fico realmente triste. E depois de conversar com essa pessoa, acabo por perceber que na verdade ela não estrutura o seu tempo, a sua agenda, não “reserva” esse tempo. Ou seja, deixa simplesmente tudo acontecer, sem ter controlo sobre o seu tempo. O dia-a-dia pode ser brutal. Principalmente para quem tem filhos, a rotina do dia-a-dia pode engolir-nos vivos se não tomarmos as rédeas do nosso tempo. Muitas mães passam meses sem tirar tempo para elas e não há razão para isto acontecer. Ter filhos ou um emprego, não é desculpa para não ter tempo para nós, para os nossos projetos ou para estarmos sozinhos simplesmente. Organizar o tempo, ter uma agenda, fazer planeamento, ter prioridades, listar tarefas, tudo isto são ferramentas de organização que contribuem para um objetivo maior que é viver uma vida mais feliz.

 

Por fim, mais uma vez muito Obrigada Cristina. É um exemplo para muitos, inclusive para mim que a sigo atentamente e tenho tentado pôr em prática muitas das suas dicas! Obrigada!

Então nesse caso obrigada eu pela Lara estar do outro lado do ecrã, pela confiança no que partilho e por fazer parte da Comunidade mais Arrumadinha do país!

 

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(Foto cedida por Cristina Saraiva)

 

O Blog  da Cristina foi das minhas melhores descobertas este ano. Tem conteúdos tão funcionais e práticos que passo horas a descobrir novas dicas e a tentar implementar na nosso dia-a-dia. 

Falar com a Cristina é delicioso, porque nota-se o amor que ela tem por aquilo que faz. Por este projeto de vida nada convencional, mas que ajuda tantas pessoas a mudar também a sua vida.

Tal como lhe disse, acho sinceramente que num mundo em que vivemos cada vez mais a correr de um lado para o outro, a organização é cada vez mais precisa para que possamos ter mais tempo livre para o que realmente importa. A Cristina tem sido uma verdadeira inspiração para todos quantos a seguem e, surpreende todos os dias com dicas simples mas fantásticas!

Recentemente, lançou um Guia Prático para Organizar a Chegada de um Bebé, que me teria dado imenso jeito quando fiquei grávida  é uma excelente prenda para dar às nossas amigas grávidas, por isso também fica a sugestão!

 

Acima de tudo, a Cristina mostra que a organização, o método, são nossos aliados e servem para nos ajudar a simplificar. Mostra ainda que quando temos algo dentro de nós, de alguma forma, temos sempre de o seguir para conseguirmos ser felizes...foi o que ela fez e, espero, que seja um exemplo para todos nós seguirmos o que nos preenche.

Ter | 25.08.20

Giveaway!

Nuvem

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Então e em mês de aniversário do blog não há miminho para os meus queridos seguidores??


CLARO QUE HÁ!!

 

A Notino quis juntar-se à festa e decidiu presentear o vencedor com um cabaz de produtos incríveis!

 

Como podem participar? É no instagram do blog! Por isso vão até lá, façam tudo direitinho e estão habilitados a ganhar!!

 

Boa sorte a todos

Seg | 24.08.20

A Frase da Semana #1

Nuvem

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Temos sempre de caminhar. A minha mãe sempre me disse que "o caminho é sempre em frente".

E, se nunca começarmos a andar, como vamos saber se lá chegamos? Como vamos saber se era aquele o destino que queríamos ou se temos de começar a caminhar novamente?

 

Que nunca nos faltem as forças para andar. E que nunca nos falte os que nos apoiam nessas caminhadas.

Dom | 23.08.20

À Conversa nas Nuvens - Carolina Bidarra

Nuvem

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A Ana Carolina Bidarra é enfermeira. De profissão e coração, já que dá tudo de si todos os dias. É um verdadeiro exemplo de quem está por amor à camisola. E numa altura como esta, ter profissionais de coração é tudo para quem precisa de cuidados! Vamos conhecê-la!

 

Olá Ana. Antes de mais, muito obrigado por aceitares este desafio! És enfermeira… Sempre foi o que sonhaste ser?

Olá, obrigada eu por me convidares para participar nesta tua iniciativa. Bem, não posso dizer que foi sempre um sonho ser enfermeira, acho que essa vontade apareceu, da minha avó paterna, que sempre dizia que gostaria que algum dos netos seguisse área da saúde, porque ela era, nos tempos antigos, enfermeira e médica de todos na aldeia e eu adorava ver isso... Adorava vê-la conseguir tratar e resolver situações que para os familiares eram coisas graves e sem resolução. Então acho que me comecei aperceber que gostava de ser como ela, que é sempre o que as crianças pensam, mas queria mesmo ser como ela, queria ajudar os outros e fazer com que estes se sentissem bem. E tenho a certeza que foi a minha melhor opção porque acho que não me via noutra profissão neste momento.


Trabalhas num lar de idosos; trabalhas todos os dias para combater aquele estereótipo de que as pessoas que estão num lar não são bem tratadas? Porque a verdade é que assistimos quase todas as semanas a notícias de maus tratos a pessoas idosas…

Sim. Eu sempre adorei trabalhar com idosos, muito mais do que com crianças. E desde que iniciei nos lares, preferi manter-me por aí, porque me sentia realizada enquanto profissional e enquanto pessoa. Temos de saber ouvir de tudo e lidar com tudo... Obviamente que nem todos os lares são iguais e não funcionam da mesma maneira, bem como, nem todos os utentes e famílias são iguais! Eu acho que para não passarmos esse estereótipo é necessário deixar o idoso e as próprias famílias, verem, saberem de tudo o que se passa e poderem acompanhar certas rotinas dos mesmo, para que consigam ganhar confiança em nós.


Sentes que tu e todos os que lá trabalham acabam por ser o grande suporte deles?

Sim, principalmente na situação atual em que nos encontramos. Nós somos as pessoas com quem eles passam mais tempo, com quem lidam diariamente, com quem fazem as principais atividades diárias. Muitas vezes isto faz com que haja muitos assuntos que eles prefiram falar connosco do que com as próprias famílias; por um lado isso é muito gratificante, sabes que confiam em ti. Mas tanto nós somos um pilar para eles, como eles para nós, há dias em que não estamos bem, e  precisamos de conforto e recebemos da parte deles isso. É ótimo!


Como é que foi, nesta altura de pandemia de COVID-19, lidar com a tristeza dos teus utentes por não poderem receber as visitas dos seus familiares? 

Foi muito difícil lidar com toda esta situação, não só com as famílias, mas também com a parte de não poderem sair das instalações, não poderem ter contacto físico com outras pessoas. Em relação às famílias optámos por outras soluções, como vídeo-chamada para amenizar as saudades, não era igual, mas ajudava. Mas como é óbvio isso não é a mesma coisa, e tivemos de aprender a lidar com isso... Muitos ficaram em estado depressivo o que nos assustou um bocado por ser um grupo idoso e a depressão não ajuda nunca! Mas realizámos atividades lúdicas para ajudar nessa depressão e temos conseguido ultrapassar as dificuldades...

 

Tu própria acabaste por estar afastada da tua família para não os colocares em risco… Como foi lidar com as saudades?

Sim, estive cerca de 2 meses e meio afastada da minha família. As saudades foram muitas, sem dúvida, é difícil aguentar certas situações em que precisava de apoio dos mais próximos e não ter! Mas pronto, a vida por vezes é injusta, mas eu sabia que era o melhor para todos, eu não queria colocá-los em risco e eles igualmente a mim. E o facto de trabalhar numa IPSS em contacto diário com um grupo de elevado risco foi decisivo para tomar esta decisão: eu não poderia mesmo colocá-los em perigo! Custou, mas o amor supera tudo.


Com todas as medidas que tiveram de ser implementadas, sentes que o teu trabalho foi dificultado?

Sim, o trabalho foi dificultado, sem dúvida. Nós na instituição optámos por fazer 2 equipas de trabalho, trabalhávamos 7 dias seguidos 10h diárias, ou seja, não era só fazer o meu trabalho, tínhamos toda uma equipa que estava ali para o mesmo, para ajudar e apoiar os que precisavam mais naquele momento. Por isso, houve momentos que tivemos de trabalhar em conjunto para eles. Acho que tudo nesta fase se tornou mais dificultado porque era uma situação de puro stress, para nós, para os idosos e os familiares então tivemos de dar muito mais de nós diariamente para não trespassar esse stress e medo do que se passava lá fora... Houve vários momentos que nos apetecia chorar por não estarmos juntos dos nossos, mas tínhamos de sorrir, mostrar aos nossos idosos que estávamos bem, acho que foi neste sentido que tudo foi mais dificultado.


Continuam a existir famílias a abandonar os seus idosos e a não visitá-los?

Bem em relação do abandono, graças a Deus na IPSS onde estou de momento não vivemos isso, todos os familiares se mostram disponíveis e com interesse nos nossos idosos, obviamente que uns mais que outros, mas isso é como tudo na vida... Agora nesta fase, obviamente que muitos emigrantes com os seus pais, avós, etc. nas instituições não puderam visitá-los, mas têm outra forma de o fazer na nossa instituição através da vídeo-chamada em que as saudades se acalmam.


No fim do dia, sentes que aprendes sempre algo com os teus pacientes? Há sempre uma lição a retirar?

Sim, sem dúvida. Eu sempre adorei trabalhar com idosos, porque nos ensinam diariamente. Eles mostram-me que não é preciso um bem material para estarmos felizes, por vezes basta um "obrigada", um sorriso sentido, um toque por parte deles para o dia ser o melhor de sempre. Acho que os idosos nos mostram que temos de dar valor ao que temos e amarmo-nos uns aos outros, sempre!


Por fim, obrigada pelo teu trabalho e dedicação! Há alguma coisa que queiras acrescentar?

Obrigada eu também por esta oportunidade. Acho que a única coisa que quero acrescentar é que, não vamos abandonar os nossos idosos e muito menos maltrata-los, eles fazem parte de nós e da nossa vida!
Protejam-se e protejam os que mais amam! Afastados fisicamente, juntos sempre no coração!
Obrigada!

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(Foto cedida por Ana Carolina Bidarra)

 

Ser profissional de saúde nesta altura de pandemia foi mau. Foi difícil. Foi extenuante. Mas a verdade é que o é muitas vezes, mesmo que não haja pandemias... As palmas aquecem o coração de quantos passaram os dias a trabalhar para que nada faltasse a quem mais precisa, mas muitas vezes não chegam para confortar as saudades...

A Ana foi uma das primeiras pessoas que quis entrevistar. Achei que poderia ser um belo testemunho de como é e foi lidar todos os dias com pessoas mais idosas, mas não inúteis. Que merecem o nosso amor, o nosso carinho, a nossa atenção.

Não me enganei. Mas sabia ao que ia. A Ana é uma das pessoas que tenho há mais anos na minha vida. Sei que se dá por inteiro ao seu trabalho. Sei que está lá de coração. E, quando assim é, só podemos esperar uma grande profissional, para além da excelente pessoa e amiga que é.

Se bem se lembram, já na primeira "temporada" destas conversas eu tinha entrevistado a Jess, enfermeira emigrante e a , que trabalha como diretora técnica numa instituição que também dá apoio aos seus "velhinhos" como carinhosamente ela os trata.

A verdade é que este continua a ser um tema do nosso interesse e sobre o qual temos de estar alerta. 

 

O trabalho da Ana é incrível. Como o de todos os que, com carinho, respeito e amor, tratam dos mais velhos como se fossem seus. Um bem-haja a todos!

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