Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nas Nuvens de Um Terceiro Andar

Sab | 31.07.21

À Conversa Nas Nuvens - Dânia Martins

Nuvem

A Dânia Martins é um dos exemplos de maior amor e garra que conheço. Na sua página "Príncipezinho com Nome de Rei" a Dânia mostra-nos o seu dia-a-dia como mãe do Dinis, uma menino tão especial quanto o amor que os une!

Hoje, tenho o enorme privilégio de a ter nas Nuvens e de poder mostrar-vos o ser humano maravilhoso que ela é!

 

Dânia Martins.png

 

OIá Dânia. Antes de mais, muito obrigada por estar aqui hoje com este poderoso testemunho de amor. Depois de uma gravidez feliz, o Dinis, e após muitas horas de sofrimento no trabalho de parto, sofre uma paragem cardio-respiratória e surge a encefalopatia hipoxico isquémica (HIE). Quer explicar brevemente, para quem não conhece, esta patologia?

HIE é uma condição clínica que se traduz em lesões cerebrais causadas por falta de oxigénio de forma isquémica. O sangue não chega ao cérebro, e consequentemente, não chega o oxigénio, e os neurónios acabam por entrar em stress e morrem.

 

E quando nada parecia poder piorar, o Dinis fica 7dias em coma. Nesses momentos, em que não se sabe se ele sobrevive, agarramo-nos à fé ou questionamos ainda mais a justiça divina?

Nestes momentos agarramo-nos exclusivamente à fé. Não pensamos em nada mais do que a fé e esperança.

 

A partir daí, a Dânia passou a viver para o Dinis. Acabou por deixar a advocacia e dedicar-se a 200%. No meio de toda a sua força, acabou por sofrer uma depressão pós-parto…

Eu sofri um evento muito traumático, com início no trabalho de parto que foi muito duro, não tive o efeito de anestesia epidural, sofri imenso com dores, o parto estava a ser complicado, com alguns momentos de grande stress em que tive de levar oxigénio e ficar deitada de lado porque o ritmo cardíaco do bebé estava com alterações nos momentos pós-contrações. O parto em si também foi difícil, com recurso a fórceps e ventosa, com um corte grande e pontos dados sem anestesia... foi mesmo muito traumático para mim. Depois o facto de o meu bebé estar entre a vida e a morte, em coma durante uma semana, o diagnóstico e o pós-parto que já por si, é difícil de lidar para qualquer mulher, deixou-me marcas psicológicas dolorosas que culminaram numa depressão grave.

 

A Dânia acaba por ser um exemplo que o gigante amor que sentimos por um filho não pode fazer com que nos esqueçamos de nós enquanto mulheres, já que se nós não estivermos bem, não cuidarmos de nós, também acabamos por não poder dar o nosso melhor com eles…

Isso é um ponto fundamental. A mãe estar mentalmente bem e saudável para poder acompanhar cada situação da melhor forma possível, para poder cuidar do seu bebé da melhor forma possível também. É fundamental!

 

O curso de psicologia que tenta agora concluir é uma forma de também poder deixar a sua marca com os outros que precisam, como também já tanto precisou?

Eu sempre me senti muito bem a ajudar os outros, e a psicologia surge aqui como um fim, a nível pessoal, para poder ocupar o meu tempo de forma a que sinta mais prazer também, a ajudar outras pessoas que estejam em situações de saúde mais difíceis, e por outro lado, para me ajudar a compreender melhor o funcionamento do nosso corpo e mente, compreender melhor o cérebro humano e perceber melhor o que se passa também no cérebro do meu filho. Por outro lado, dá-me bases científicas para compreender melhor as soluções de tratamentos e terapias que me propõem para o meu filho – sentia uma lacuna a este nível de conhecimento pessoal.

 

O Dinis, “Um Principezinho com Nome de Rei”, é um lutador que já ultrapassou muitos obstáculos e barreiras que, muitos, achavam ser impossível. Pequenas conquistas são sempre as maiores vitórias? Qualquer conquista dele, por mais pequenina que seja, é uma vitória e fonte de enorme felicidade. Perceber que ele é capaz de evoluir se investirmos mais nele, se o estimularmos, se trabalharmos com ele. Dá-nos mais esperança para continuarmos a nossa caminhada e continuarmos a ter esperança na evolução dele, apesar das lesões que ele tem.

 

Deixa-se de ter expectativas e a só viver o dia-a-dia? Ou ainda há sonhos que vão surgindo para tentar cumprir?

Acho que cada família acaba por desenvolver a sua estratégia para não sofrer tanto. A minha estratégia é deixar de pensar no futuro. Viver apenas um dia de cada vez. Quando pensamos no futuro a ansiedade aumenta tanto que nos perturba e nos deixa mais infelizes. Não conseguimos controlar o futuro, conseguimos apenas ter algum controlo no dia presente. E é a isso que me agarro quando começo a imaginar o que será o futuro do meu filho. Não sei, nem eu, nem ninguém. Ninguém sabe qual será o futuro do Dinis, por isso os sonhos que temos são sempre a curto prazo.

 

Hoje em dia, a Dânia mudou radicalmente a sua vida; mudou de cidade, deixou o conforto de uma cidade pequena como a Guarda para viver em Lisboa, para que o Dinis tenha acesso a outros cuidados e terapias… Esta desigualdade de oportunidades num país tão pequeno não deveria acontecer e é até revoltante…

Infelizmente notamos diferenças de oportunidades a todos os níveis, entre a Guarda, uma cidade do interior, e a cidade de Lisboa, por exemplo. Os terapeutas encontram poucas ofertas de emprego nas cidades do interior, por outro lado, também as oportunidades de formação são mais escassas, e os custos de ir fazer formação a Lisboa por exemplo, são elevados e nem todos conseguem fazer essas formações importantes para acompanhar a evolução da ciência e das técnicas. Em Lisboa, por seu lado, há mais terapeutas, há terapeutas mais especializados, terapias mais alternativas e melhores soluções para o Dinis.

 

Hoje em dia, um dos seus objetivos é lutar pela inclusão. A deficiência é o segundo motivo mais apontado para a discriminação em Portugal. Ainda há muito a fazer e muitas mentalidades a mudar?

Há um enorme caminho a percorrer, antes de mais ao nível da educação. Devíamos começar pelas escolas e pelas famílias, com quem os nossos filhos aprendem o que é a diferença e como devem lidar com ela. Em 2018 foi publicado um Decreto-Lei exclusivamente sobre a inclusão nas escolas, porém, ninguém nas escolas teve formação ou esclarecimentos sobre este novo paradigma. Na prática, mantém-se tudo exatamente igual ao que estava antes. Será uma luta que, obviamente, abraçarei com prazer, pelo meu filho, e por todas as crianças e adultos com deficiência.

 

A Dânia, em conjunto com outras mães atípicas (como a Dânia costuma dizer), criaram o projeto “Share for Care”. Em que consiste?

O projeto "Share for Care" tem por base a união de várias famílias com filhos com necessidades extra-especiais, alguns com deficiência, outros com multi-deficiência; a intenção é unir famílias, contratar terapeutas que acompanhem as crianças no domicílio ou nas escolas, e entre todas as famílias pagar o salário ao terapeuta, por forma a poderem usufruir de mais terapias e a um preço mais económico, sendo que o terapeuta recebe o valor integral que a família paga, sem que haja margem para lucros, etc.

 

Perante todas estas adversidades e lutas, é assim que se percebe quem são as pessoas que são realmente importantes, que nunca nos abandonam?

Sim, sem dúvida. Sinto-me muito abençoada por todas as pessoas de bom coração que nos acompanham e nos apoiam a cada etapa da nossa caminhada. Os nossos amigos, familiares, conhecidos, deram-nos as mãos e estão ao nosso lado a apoiar a evolução do Dinis. É muito reconfortante sentir este apoio. Sou imensamente grata por isso.

 

No fim, o Dinis é um menino muito amado e feliz, mesmo com as suas diferenças que o tornam ainda mais especial. O amor, apesar de tudo, é o maior fio condutor da felicidade?

O amor faz toda a diferença. O Dinis é muito amado! O amor que ele recebe reflete-se na maneira de ser dele. Temos uma família muito grande e muito unida, temos amigos fantásticos, e o Dinis tem tido a sorte de encontrar terapeutas e profissionais da educação muito bons, muito dedicados a ele. O amor faz toda a diferença!

 

Obrigado. E parabéns. É um exemplo de força, resiliência e, acima de tudo, amor.

Eu é que agradeço esta oportunidade e o carinho!

 

 

Fico sempre de coração apertado quando leio alguma partilha que a Dânia faça. Mesmo que ela não saiba, ela mostra que o amor verdadeiro é o maior motor para conseguirmos alcançar os nossos objetivos.

Infelizmente, passou por uma situação bastante traumática e hoje, alguns anos volvidos, é um exemplo de força. Um exemplo de que pelos nossos filhos, somos capazes de tudo. E um exemplo de que o amor salva! Porque cada dia é uma vitória, é uma nova oportunidade de mostrar que, mesmo nos piores momentos, a esperança e a fé nos mantêm vivos.

A Dânia é um dos maiores exemplos que tenho na vida. É uma das pessoas por quem tenho mais respeito e que, quero sempre conseguir ajudar. Apesar de sermos da mesma cidade, nem a conheço pessoalmente. Mas sei da sua garra, da sua força. Sei que tem uma rede familiar e de amigos incrível. E isso não é para quem quer, é só para quem merece 

O Dinis é um guerreiro, um príncipe que todos os dias nos mostra que não há impossíveis. O Dinis é um menino feliz. E, sei, tem a benção de ter uma mãe incrível como a Dânia... A Dânia, um ser iluminado que, com tudo o que de mau lhe aconteceu, continua a saber sorrir. E agradecer.

A Dânia. Um exemplo.

Sex | 30.07.21

Está quase!...

Nuvem

_117534961_gettyimages-892967862.jpg

Uma das melhores amigas vai casar este fim-de-semana. Um casamento que já devia ter acontecido o ano passado mas, por força de um vírus que tudo mudou, estamos hoje quase quase no grande dia deles. 

É a primeira das minhas melhores a casar. E sinto uma emoção tão grande... que é amor.

Os melhores, os verdadeiros, também são amor. E eu tenho tanto amor por ela, que não cabe no peito a emoção que sinto por fazer parte deste dia! 

Estar presente é uma prenda para nós...porque no meio de tanta restrição, nós fomos dos escolhidos para estar. 

 

A amizade é amor. Por isso, meu amor, que tenhas um dia incrível como tu mereces! Nós, estamos quase quase a chegar

Qua | 28.07.21

A medalha de uma vida

Nuvem

2021-07-25t134001z-279003964-rc2pro98ravo-rtrmadp-

Simone Biles surpreendeu o mundo mas, desta vez, não por mais uma medalha de ouro. Surpreendeu por ter coragem, surpreendeu por dar ouvidos ao seu corpo, à sua mente e saber que tinha de parar.

Ganhou provavelmente a medalha mais importante: a da vida.

A saúde mental, apesar do tanto que hoje já se fala, continua a ser desvalorizada. A saúde mental continua, em pleno século XXI, a ser vista como algo de menor valor.

Vamos a factos:

- 12% das doenças em todo o mundo são do foro mental, valor que sobe para os 23% nos países desenvolvidos;

- Mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica.

 

Consegue-se assim perceber que esta é uma doença tão recorrente, ou mais, do que tantas outras? Que se psicologicamente não estivermos bem, nada vai estar bem connosco?

 

Simon Biles deu mais uma vez um enorme exemplo. E nesta dança que é a vida, que saiba saltar por cima das dificuldades, consiga subir ao alto de si mesma e, com o pedido de ajuda, seja feliz. Porque no fundo, as medalhas só são incríveis, se estivermos bem para as apreciar. As competições só nos tornam fortes se estivermos realmente a querer participar e não porque temos o peso e o olhar do mundo inteiro sobre nós.

O desporto é muito mais do que isso. A vida é tão mais do que isso!...

Dom | 25.07.21

A reciclar desde pequeno

Nuvem

Os bons hábitos são para se criar desde pequenos certo?

Agora que Francisco está na fase de se sentir independente e de ser ele a fazer tudo, até a deitar as coisas no lixo, decidimos aproveitar e ensinar logo a fazer bem!

Aproveitámos este tempo de promoções e fomos com ele a comprar um novo ecoponto aqui para casa. Acabámos por escolher estes por uma questão do espaço que tínhamos disponível; há imensos modelos que se adaptam a todas as casas, é mesmo uma questão de escolher!

429290_conj_3_ecopontos_homa_1.jpeg

Ensinámos e agora é ele que vai sempre separando o lixo e vai connosco ao contentor. Se tinha tempo para aprender? Claro que tinha! Mas se ele gosta de aprender e gosta de fazer, então que aprenda logo a fazer bem. Por ele e pelo planeta 

Penso que é importante desde cedo explicar que os recursos são limitados e que nos cabe a nós fazer mudanças. Claro que não lhe posso explicar com esta linguagem, mas bem adaptado, é uma excelente atividade para fazer com os miúdos! As coisas da vida quotidiana são, normalmente, as que lhes suscitam mais interesse. Por isso, aproveitar essa ânsia de saber para lhe ensinar algo mesmo importante para o resto da vida!

Pág. 1/4