O querer não fazer nada é um poder que cada vez mais não nos assiste. Hoje, numa sociedade de correria e em que o tempo de descanso é tão pouco, dizermos a alguém que vamos passar um sábado ou um domingo sem fazer nada é quase uma calamidade. Um erro crasso. Porque "temos de aproveitar quando está bom tempo, temos de aproveitar a vida e não deixá-la passar..." enfim, um sem número de argumentos completamente válidos, mas não reais.
Há dias em que temos mesmo de parar. Que o nosso sistema tem de entrar em pausa para que depois, quando reiniciar, esteja em pleno.
Tenho necessidade de dias assim. De dias em casa, simplesmente sem nada para fazer. Sem a preocupação de ter de me vestir para sair. O poder ficar em casa é para mim, cada vez mais, uma regalia a que tenho pouco acesso. E confesso, a família é a principal culpada disso. Porque quase que nos obrigam ter que visitar toda a gente todas as semanas. Porque para eles é uma obrigação que os domingos sejam passados em família. Mas caramba... detesto obrigações. Aliás, obrigações já nós temos durante toda a semana de trabalho. Ao fim-de-semana gostava de ter poder de escolha.
E a verdade é que obrigarem-me, impingirem-me algo que eu não quero é das piores coisas que me podem fazer. Tira-me do sério e acaba por ter o efeito contrário. Afasta-me dessas pessoas. Porque não respeitam o meu espaço, as minhas necessidades. É de um egoísmo tremendo obrigarmos alguém a estar connosco, fazer quase uma chantagem psicológica... e é só nestes momentos que penso que, por vezes, seria mais fácil se não vivesse aqui.
Temos de aprender cada vez mais a respeitar o espaço do outro. Seja família ou amigos, não é por estarmos juntos todos os dias que amamos mais do que se só nos virmos uma vez por mês.
O amor não tem a a haver com a quantidade de vezes que as pessoas estão juntas, mas sim com a qualidade desse tempo. Com o respeito que nutrimos. Com o saber que o outro também tem vontade própria. E, há dias, em que simplesmente não apetece nada.
No teu dia, sinto ainda mais falta do teu cheiro (que, teimosamente, começa a desaparecer da minha memória ao fim de 19anos sem te ver...).
No teu dia, sinto só te queria poder dizer "Parabéns Guida" e dar-te o maior beijo do mundo.
No teu dia, sinto que esta sensação de perda não se atenua, apenas cresce com os anos que passam.
No teu dia, sinto ainda mais o sabor às pizzas que só tu fazias.
No teu dia, sinto que não te disse tantas vezes quantas queria e merecias o quanto foste importante para mim. Era só uma menina de 12anos que não sabia o conceito da morte...até te ter perdido.
No teu dia, sinto e sei que não há um dia em que não pense em ti.
No teu dia, sinto que as saudades são tantas que, por vezes, o choro vem sem avisar.
No teu dia, só quero dizer-te que serás sempre uma das pessoas mais importantes da minha vida.
No teu dia, só quero dizer-te, mais uma vez, o quanto te amo. E vou amar sempre.
Resumo: "O que te resta quando o homem dos teus sonhos te magoa?
Lily tem 25 anos. Acaba de se mudar para Boston, pronta para começar uma nova vida e encontrar finalmente a felicidade. No terraço de um edifício, onde se refugia para pensar, conhece o homem dos seus sonhos: Ryle. Um neurocirurgião. Bonito. Inteligente. Perfeito. Todas as peças começam a encaixar-se.
Mas Ryle tem um segredo. Um passado que não conta a ninguém, nem mesmo a Lily. Existe dentro dele um turbilhão que faz Lily recordar-se do seu pai e das coisas que este fazia à sua mãe, mascaradas de amor, e sucedidas por pedidos de desculpa
Será Lily capaz de perceber os sinais antes que seja demasiado tarde? Terá força para interromper o ciclo?"
Dos melhores livros que já li. Foi escolhido no Goodreads (plataforma que uso há muitos anos) em 2016 como romance do ano. E merece.
Pelo tema. Pela escrita. Pela forma despretensiosa como a autora descreve um dos flagelos da sociedade: a violência doméstica.