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Nas Nuvens de Um Terceiro Andar

Sab | 14.08.21

À Conversa Nas Nuvens - Rainbow Family

Nuvem

Rainbow Family, a família arco-íris. Esta é uma família normal: com dias bons, dias mais tristes, fases mais complicadas... mas com muito muito amor. Como qualquer família deveria ser.

Hoje, estão nas Nuvens, e é um prazer enorme recebê-las por aqui!

 

rainbow family.jpg

 

Em pleno século XXI, deveria haver já espaço para todas as cores do arco-íris?

Sim já deveria de haver espaço para todas as cores do arco-íris. Dando como exemplo a homossexualidade, é algo muito antigo, dos nossos antepassados, já na altura de Alexandre o Grande (séc 4 a.C.), era algo banal, porque não o é em pleno séc. XXI?! Não se percebe...  

 

Sentem hoje, apesar da forma como vamos todos tentando mudar certas mentalidades, que é ainda difícil fazer parte de uma família não tradicional?

Não é que seja difícil mas sentimos que ou assumimos ou vivemos escondidas. Quando andamos juntas assumem logo que somos irmãs, ou amigas... então há sempre uma justificação “não, ela é minha namorada” porque já há uma suposição do outro lado. Acredito haver mais dificuldade de alguém se assumir ou aceitar fazer parte de uma família não tradicional se viver num meio mais rural, talvez por causa das mentalidades, pois nesse meio prevalece uma faixa etária mais velha e aí sim, há mais discriminação. 

 

Quando estamos bem resolvidos connosco e com as nossas escolhas, deixamos de dar importância aos comentários ou opiniões dos outros?

Bem, isto não se trata propriamente de uma escolha, a não ser a escolha de sermos felizes. Deixamos de dar tanta importância à opinião de terceiros, contudo há sempre uma reposta porque sentimos que representamos alguém “sem voz”, ou seja podemos ser apenas um cidadão comum mas se há algum comentário menos agradável, começamos a responder para defender alguém, alguém que não consegue, alguém que não esteja bem resolvido, alguém que ainda sofre com o preconceito. Acho que isso acaba por ser generalizado, quem está de facto bem resolvido acaba por responder a certos comentários sentindo o dever de defender “uma situação” ou seja, defendermos alguém que não consiga fazê-lo. Talvez essa pessoa da próxima não cometa o mesmo erro em proferir palavras menos agradáveis. 

 

Dois anos e quatro tratamentos de fertilidade depois, o que foi mais difícil neste processo? Ver a Carlota, hoje, faz todo esse sofrimento e sacrifícios valerem apena?

Ver a Carlota faz parecer que tudo foi fácil, que passou tudo a correr e voltaríamos a passar por todo o processo sem hesitar! 

Ela foi uma lutadora, resistiu a dois descolamentos de placenta, a Ana passou a gravidez praticamente toda deitada, mas valeu muito a pena. 

 

Assusta-vos que o Santiago e a Carlota vivam num mundo ainda com tanto preconceito?

O Santiago foi educado (e de alguma forma) preparado para o preconceito que nos rodeia, preparado também para opiniões menos agradáveis que possam vir de terceiros. Ele é muito bem resolvido com tudo isto, até diz que tem mais sorte do que os colegas porque tem duas mães, tem muito orgulho de mostrar a família que tem, não se importa da opinião de outros e se não gostar de alguma coisa responde logo para nos proteger. Sinto que a maldade começa mesmo nos adultos.

Assustar não assusta, dá algum receio que se sinta magoado com algum comentário menos agradável, qual de nós gosta de ouvir um comentário menos agradável sobre as nossas mães? Acho que acaba por ser igual às famílias tradicionais, só que aqui poderá ser sempre este tipo de comentário, “a tua mãe é lésbica” em outro tipo de famílias será por outro aspecto qualquer, seja o cabelo, roupa, ou até um comportamento...

 

Rodearmo-nos das pessoas certas é o segredo para conseguirmos ser felizes, apesar de tudo?

Sim, sem dúvida! Há tão pouco tempo disponível que o pouco tempo que temos, há que passá-lo com as pessoas certas, só assim se justifica o nosso bem estar. 

 

Nas escolas, este tem de ser um assunto cada vez mais trabalhado e debatido para conseguirmos criar crianças tolerantes e respeitadoras para com os outros? Porque as crianças de hoje serão os adultos de amanhã…

Porque as crianças de hoje serão os adultos de amanhã, e há que educar mentalidades, pois cada vez mais há famílias não tradicionais, sejam elas lgbt, monoparentais, etc. e passa tudo pelo respeito pelo próximo! 

 
 

“Aceitar é uma escolha de cada um, respeitar é um dever de todos”…

Pois a nossa liberdade começa onde termina a do outro e se aprendêssemos a respeitar os outros era tudo muito mais fácil... ninguém prejudica ninguém, ninguém interfere na vida dos outros... deixem cada um viver a sua vida! 

 

Através da Rainbow Family, querem mostrar o quê? Que são só mais uma família feliz, com dias tristes e momentos fantásticos, como todas as outras? É importante normalizar?

Queremos mostrar que é importante normalizar, queremos mostrar às pessoas que vivem escondidas que tudo é possível,  que não há problema, que somos uma família com medos e receios normais que uma família tradicional tem... somos seres humanos! 

Ninguém vive a vida por nós! Há que vivê-la em plenitude, senão andamos aqui a fazer o quê? Vamos viver...
 
 

Muito muito obrigada!

Muito obrigada nós

 

A Isa e a Ana. Um exemplo de amor. De luta diária. Mas também de pessoas bem resolvidas, com perfeita certeza do que querem e do que as faz feliz.

Têm uma família linda que, apesar de todas as dificuldades, não desistiram de construir. Como qualquer casal normal, passam por momentos menos fáceis, mas também como com qualquer outro, ultrapassam-no da mesma maneira: com amor.

O respeito e a empatia têm de fazer parte da nossa vida diária, dos nossos valores intrínsecos. Só assim viveremos num mundo mais honesto, mais respeitador. 

Porque, independentemente da cor que escolhemos, todas têm a sua beleza na sua essência.

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